As novas tecnologias estão a catalisar uma revolução sem precedentes no setor bancário, impulsionando não apenas uma transformação digital, mas também uma mudança fundamental na forma como os bancos operam, interagem com os seus clientes e concebem os produtos financeiros.
A adoção de tecnologias como a inteligência artificial (IA), blockchain, cloud computing e big data estão na vanguarda desta transformação. Por exemplo, a IA está a ser utilizada para personalizar serviços financeiros, otimizar a gestão de riscos e melhorar a detecção de fraudes.
O Bank of America criou a “Erica”, um assistente virtual em IA que ajuda os clientes a gerir as suas finanças pessoais, tendo, em 2023, processado mais de 150 milhões de solicitações. Por outro lado, a tecnologia blockchain promete revolucionar o setor bancário ao oferecer uma forma mais segura e transparente de se realizarem transações. O seu uso pelo consórcio R3, que reúne mais de 200 instituições financeiras, e a iniciativa Ripple para realizar pagamentos transfronteiriços mais eficientes, são exemplos notáveis. A Ripple, em particular, já conseguiu reduzir o tempo de transação médio de 2-3 dias para apenas alguns segundos em certos tipos de transferências.
No entanto, a transformação digital não está isenta de desafios. As instituições financeiras estão impelidas a realizar investimentos significativos em tecnologia e infraestrutura, enquanto promovem mudanças organizacionais internas para abraçar a inovação e a agilidade. Adicionalmente, a crescente digitalização traz consigo riscos de segurança elevados, exigindo dos bancos um foco constante em medidas de cibersegurança e conformidade regulatória. O investimento global em cibersegurança no setor bancário ultrapassou os 9,5 mil milhões de dólares em 2022, de acordo com a Cybersecurity Ventures.
A capacitação dos clientes é outro desafio crítico. À medida que os serviços são cada vez mais digitais, os bancos precisam assegurar que seus clientes têm as competências para navegar no novo ambiente digital. A literacia financeira digital é chave.
Autores como Brett King, no seu livro “Bank 4.0”, argumentam que estamos a caminho de uma era em que os bancos existirão, mas os serviços bancários serão quase totalmente digitais, personalizados e omnipresentes. Este futuro exigirá das instituições financeiras não apenas adaptações tecnológicas, mas também uma redefinição profunda dos seus modelos de negócios, estratégias de fidelização do cliente e abordagens de gestão de (novos) riscos.
A transformação digital no setor bancário é um processo complexo e multifacetado, cheio de oportunidades e desafios. As instituições que conseguirem operar com sucesso esta transformação, investindo em tecnologia, adaptando as suas culturas organizacionais, protegendo-se contra riscos e capacitando os seus clientes, serão (as únicas) vencedoras.