Ana Luísa Martinho, docente do ISCAP e investigadora do CEOS, juntamente com a Universidade da Maia e a CIEG/ISCSP da Universidade de Lisboa, desenvolveu um estudo intitulado "The (Non)Place of Migration? The European Pillar of Social Rights and the Representations of People with a Migration Background in Portugal" onde aborda questões relacionadas com a integração de migrantes em Portugal no, no âmbito do projeto MIGAP – MigrAção no Porto.
O estudo revela que, desde 2023, houve uma mudança significativa nas políticas migratórias do país, com o fim de medidas como a "manifestação de interesse", que facilitava o processo de legalização dos imigrantes. Isso gerou uma sensação de "traição" entre muitos imigrantes, que vieram com a expectativa de serem acolhidos, mas acabaram por se deparar com barreiras burocráticas e uma "hostilidade" crescente dos serviços públicos.
A pesquisa aponta que, com a ascensão de políticas mais restritivas e a normalização de discursos extremistas, o ambiente de integração deteriorou-se. Entre os principais desafios enfrentados pelos imigrantes estão o acesso ao Sistema Nacional de Saúde (SNS), o tempo de espera para obtenção do NIF e o reconhecimento de qualificações. Além disso, as políticas migratórias de Portugal passaram a adotar uma retórica anti-imigração mais pronunciada, refletindo uma tendência mais ampla na Europa, de maior controlo das fronteiras e associação da migração a questões de segurança.
Ana Luísa Martinho, docente do ISCAP, destaca ainda que as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes resultam numa disparidade entre as políticas inclusivas do país e a realidade das práticas públicas, muitas vezes descritas como "políticas ricas, práticas pobres". O estudo também aborda a crescente perceção de migração como uma crise, criando divisões entre migrantes "bons" e "maus", o que afeta tanto a população imigrante, quanto a sociedade portuguesa.
Pode ler os artigos relacionados com o estudo nos seguintes jornais:
Público
Expresso
Executive Digest

